quinta-feira, 6 de maio de 2010

Construção partidária não cessa durante as eleições

Sorrentino: Construção partidária não cessa durante as eleições

O PCdoB vive, nos próximos meses, um momento importante especialmente nos âmbitos político e organizativo. Além de estar às vésperas de uma das principais eleições de sua história, o partido investe pesado para pôr em prática uma política de quadros e de estruturação a partir da base militante que o coloque em um patamar ainda mais alto. Por isso, o secretário de Organização, Walter Sorrentino, alerta: “é essencial que a construção partidária não cesse durante o período eleitoral”.


Sorrentino: queremos uma política de quadros pró-ativa (por Priscila Lobregatte)
“O partido chegou a uma dimensão em que não pode mais entrar nessa contradição entre eleição e outras frentes. A construção do partido é permanente e por isso, é necessário haver distribuição das energias”, explica Sorrentino.

Durante a campanha eleitoral, as medidas organizativas voltadas para a questão de quadros continuaram em andamento. “Imaginar que a campanha paralisa esse esforço seria uma maneira muito torta de encarar a construção do partido”, salienta.

Segundo ele, o mais importante neste momento é “mostrar a todo o partido que queremos uma política de quadros pró-ativa, que não seja passiva e apenas encampada em momentos de congresso e de conferência, mas sim ligada ao nosso conceito de que a governabilidade do partido é dada por meio dos quadros”. O objetivo, conforme ressaltou, é que o PCdoB chegue ao seu 13º Congresso “numa condição mais avantajada”.

Essa pró-atividade colocada pelo dirigente consiste em fazer com o partido possa ir além da sua própria estrutura piramidal, constituída pelo Comitê Central, Comitês Estaduais, Comitês Municipais e auxiliares. “A política de quadros sempre aconteceu nos marcos desses comitês, mas isso é pouco. Para alcançarmos outro estágio, de partido comunista de massas, tomamos iniciativas que envolvem jovens, mulheres, trabalhadores e também os quadros de ciência e tecnologia, cultura e pós-graduação”.

O objetivo estratégico dessa política é fazer com que o PCdoB forme desde já suas futuras gerações dirigentes e um dos pontos para isso é que no 13º Congresso, que deve acontecer em 2013, haja cerca de 500 quadros preparados para se candidatar ao Comitê Central. “É por essa razão que estamos nos dedicando à formação, controle, seleção e avaliação desses quadros. E vamos exigir que os comitês estaduais ajam da mesma maneira com os quadros intermediários porque a outra grande bandeira da Organização nesse período será reativar e motivar a vida militante de base que não existe sem os quadros intermediários”, esclarece Sorrentino.

O fato de o coletivo partidário ter participado das discussões que resultaram nessa nova política é um trunfo na avaliação do comunista. “Isso facilita muito a assimilação sistêmica pelo conjunto das direções. Mas, além das estruturas de direção, contamos com a consciência dos quadros, de maneira que também participem proativamente desse esforço”.

Debate aceso


Fabiana Costa e Eliana Gasparini: linha de frente no DNQ
Responsável pelo Departamento Nacional de Quadros (DNQ), Fabiana Costa diz que tem contribuído para a evolução do processo o fato de o debate ter-se mantido vivo desde o 12º Congresso. “É um tema permanente que vai perpassar os quatro anos desse mandato e irá além dele. E os quadros também têm atuação contínua, ou seja, são questões completamente vinculadas”.

O 6º Encontro Nacional de Organização – realizado em março – foi um desses momentos em que a política de quadros foi aprofundada. Os debates em torno do documento aprovado no congresso resultaram numa resolução direcionada para a política de quadros e a vida militante de base. Outras ações estão sendo tomadas como, por exemplo, a reunião realizada em abril com quadros da pós-graduação do PCdoB e Luis Fernandes, responsável no Comitê Central pela área de C&T. “Essa era uma área um pouco subestimada pelo partido. E ter militantes fazendo pós-graduação, doutorado ou mestrado é algo muito importante e é crucial que o PCdoB saiba como incluir esses quadros no seu sistema partidário, de maneira que eles possam contribuir, ao mesmo tempo, com a luta de ideias na sociedade e com as formulações e debates internos”.

Bia ressalta ainda o papel das discussões ocorridas na Comissão Política Nacional, que ajudaram na reafirmação e no fortalecimento da política de quadros em todos os níveis e instâncias. “Afinal, achar que essa política só será formulada e executada pelo DNQ ou pela Secretaria de Organização é restringir o seu significado para o partido como um todo. E neste aspecto tem sido fundamental a compreensão do presidente Renato Rabelo. Ele diz que os quadros são um tema a ser tratado cotidianamente e que precisa ser incorporado como essência do partido”.

Ao mesmo tempo em que essa política deve ser assumida por todo o coletivo, Bia chama atenção para o papel de cada quadro. “Os próprios quadros devem instigar o debate, apresentar questões, demandas etc. A Rede Quadros serve justamente para criar uma dinâmica maior de interação entre partido e eles. Nossa ideia é fazer um acompanhamento sistemático”.

O primeiro passo para isso já foi dado a partir do envio de questionário e de solicitação de atualização de dados dos quadros que participaram do 12º Congresso. “Mas, é preciso que haja resposta porque essas informações nos mostrarão a opinião e o perfil desses militantes. Além disso, é preciso que eles entrem em nosso radar porque não temos condições de ir atrás de cada um”.

O DNQ planeja ainda criar uma política de relacionamento que começará com a criação de um boletim cujo objetivo é levar informação e formação aos quadros. Paralelamente, está sendo estimulada a criação de seções estaduais do departamento voltadas para os quadros intermediários.
Outro ponto importante que já está sendo planejado é um livro contando a história dos quadros que tenham mais de 30 anos de atividade na direção nacional do partido. A ideia é lançá-lo no aniversário de 90 anos do PCdoB. “Cada época das lutas de classe forja determinados tipos de dedicação e heroísmo. Essa geração sobreviveu à ditadura, ao Araguaia, à Chacina da Lapa e é formada por heróis que conduziram o PCdoB em momentos difíceis e são responsáveis pelo partido forte, grande, influente e respeitado que temos hoje. Esta é uma homenagem a eles e também uma forma de fazer com que os novos quadros aprendam com essas experiências”, finaliza Sorrentino.

Da redação,
Priscila Lobregatte

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